
O leitor certamente vai se lembrar de ter presenciado a cena a seguir. O lutador, com o olho enorme do asfixiado, busca seus companheiros na grade e pergunta quanto tempo falta, enquanto tenta segurar o oponente. Ao descobrir que transcorreram apenas cinco minutos de luta e que faltam mais cinco até o gongo salvador, ele pensa como conseguirá chegar ao final. Na gíria dos lutadores, “morrer no gás” é algo que todo atleta já experimentou. Acontece, é normal. Mas pode ser evitado, ou ao menos contornado?
Para o experiente Renzo Gracie, a afobação é o grande inimigo do lutador: “O mais importante é dosar, agir mais com a cabeça do que com o coração.” O técnico da equipe dos Pitbulls, na IFL, acredita que a academia ensina muito: “Deve-se levar a luta para o mesmo ritmo e calma de quando se está treinando. O gás raramente falta durante um treino, especialmente quando não se quer pedir para parar”. A calma, para Renzo, cria oportunidades: “Quando a chance aparecer, dá-se um gás para finalizar”.
Para o experiente Renzo Gracie, a afobação é o grande inimigo do lutador: “O mais importante é dosar, agir mais com a cabeça do que com o coração.” O técnico da equipe dos Pitbulls, na IFL, acredita que a academia ensina muito: “Deve-se levar a luta para o mesmo ritmo e calma de quando se está treinando. O gás raramente falta durante um treino, especialmente quando não se quer pedir para parar”. A calma, para Renzo, cria oportunidades: “Quando a chance aparecer, dá-se um gás para finalizar”.
“Se você pensar, você está atrasado. Se você está atrasado você faz força e se você faz força, você cansa e morre – ou bate” Saulo Ribeiro
Alexandre Paiva, mestre da Alliance, chama a atenção para a respiração: “Quando você aprende a respirar corretamente e se concentra nisso, você consegue esquecer o cansaço e o seu corpo passa a agir por instinto”. Outro fator importante: saber se posicionar na luta. “Quando acaba o gás o jeito é administrar, procurar manter uma posição que não seja muito cansativa”, diz Roberto Gordo, treinador do Gracie Barra Combat Team. O hexacampeão mundial Saulo Ribeiro cita suas posições favoráveis preferidas: “Geralmente descanso quando a luta volta em pé ou na guarda fechada, ou então na meia-guarda. Nunca descanso numa posição de transição ou de desvantagem”.
Mas diminuir o ritmo pode não ser sempre a única fórmula. Para Fabio Gurgel, às vezes a velocidade é o melhor caminho para o refresco: “Mesmo cansado, é preciso acelerar para chegar a uma posição de conforto e poder descansar. Parar antes disso pode ser fatal”, diz o mestre de Marcelo Garcia. Vítor Shaolin, campeão mundial de pano que hoje brilha nos ringues do K-1 Hero’s, aponta as diferenças de estratégia para quando é preciso descansar: “No Jiu-Jitsu ainda há como administrar o cansaço. No vale-tudo, é quase impossível. Comparando, no pano, o tipo de luta permite ao atleta modos de poupar energia e mesmo recuperar o fôlego.
No vale-tudo, a falta do kimono e os socos e chutes do adversário dificultam a administração do cansaço”. Renzo concorda com Shaolin e até sugere uma estratégia: “No Jiu-Jitsu, é só deixar seu adversário passar a guarda e se concentrar na defesa. Já no vale-tudo é diferente, pois a porrada vai jambrar de onde ele estiver. Daí, das duas uma, ou você tem um Jiu-Jitsu muito bom ou reza a Deus, porque é como diz o lema: o ringue de vale-tudo é a terra onde o filho chora e a mãe não escuta – imagina o pai”. O faixa-preta cearense Hermes França, astro do UFC, é mais radical: “Quando o gás acaba no meio da luta, não há o que fazer. Já era, acabou”. Esperando chegar julho para disputar o cinturão dos leves contra Sean Sherk, França ri de si mesmo: “Nas vezes em que isso aconteceu, lembro de ter pensado: ‘FDP! Por que você não treinou sério!?’”
Alexandre Paiva, mestre da Alliance, chama a atenção para a respiração: “Quando você aprende a respirar corretamente e se concentra nisso, você consegue esquecer o cansaço e o seu corpo passa a agir por instinto”. Outro fator importante: saber se posicionar na luta. “Quando acaba o gás o jeito é administrar, procurar manter uma posição que não seja muito cansativa”, diz Roberto Gordo, treinador do Gracie Barra Combat Team. O hexacampeão mundial Saulo Ribeiro cita suas posições favoráveis preferidas: “Geralmente descanso quando a luta volta em pé ou na guarda fechada, ou então na meia-guarda. Nunca descanso numa posição de transição ou de desvantagem”.
Mas diminuir o ritmo pode não ser sempre a única fórmula. Para Fabio Gurgel, às vezes a velocidade é o melhor caminho para o refresco: “Mesmo cansado, é preciso acelerar para chegar a uma posição de conforto e poder descansar. Parar antes disso pode ser fatal”, diz o mestre de Marcelo Garcia. Vítor Shaolin, campeão mundial de pano que hoje brilha nos ringues do K-1 Hero’s, aponta as diferenças de estratégia para quando é preciso descansar: “No Jiu-Jitsu ainda há como administrar o cansaço. No vale-tudo, é quase impossível. Comparando, no pano, o tipo de luta permite ao atleta modos de poupar energia e mesmo recuperar o fôlego.
No vale-tudo, a falta do kimono e os socos e chutes do adversário dificultam a administração do cansaço”. Renzo concorda com Shaolin e até sugere uma estratégia: “No Jiu-Jitsu, é só deixar seu adversário passar a guarda e se concentrar na defesa. Já no vale-tudo é diferente, pois a porrada vai jambrar de onde ele estiver. Daí, das duas uma, ou você tem um Jiu-Jitsu muito bom ou reza a Deus, porque é como diz o lema: o ringue de vale-tudo é a terra onde o filho chora e a mãe não escuta – imagina o pai”. O faixa-preta cearense Hermes França, astro do UFC, é mais radical: “Quando o gás acaba no meio da luta, não há o que fazer. Já era, acabou”. Esperando chegar julho para disputar o cinturão dos leves contra Sean Sherk, França ri de si mesmo: “Nas vezes em que isso aconteceu, lembro de ter pensado: ‘FDP! Por que você não treinou sério!?’”

Gás psicológico
Gordo acha que manter a calma é uma das chaves para se sair bem. “No Pan de 2003, o Rener Gracie me pegou num triângulo por quase sete minutos. Quando saí, estava exausto, mas mantive a calma para seguir na luta e vencer”, narra. Saulo acrescenta que muitas vezes a diferença de peso leva à exaustão: “No Brasileiro de 96 resolvi lutar no absoluto, com 80kg. Fui sacudido para todo lado pelo Ricardo Americano. No fim, consegui uma raspagem numa virada explosiva. Usei o último gás, mas confesso que saí morto”. Gurgel lembra o duelo de vale-tudo com Mark Kerr, em 1997, em São Paulo: “Num momento muito duro da luta, minhas pernas queimavam de tanto mantê-lo em minha guarda, perguntei o tempo e faltavam ‘só’ 12 minutos. Relaxei e testei o meu limite.
A luta foi até o final e acabei mais inteiro que naquele momento ”. Assim como Gurgel, Marcelo Tigre acha que a maior parte do cansaço é psicológica: “Acho que o gás depende muito da vontade de vencer. O gás é emocional mesmo. Você pode até ter se preparado bem, mas se não estiver bem de cabeça, não tem jeito – o gás acaba mesmo”, sentencia o faixa-preta de Banni Cavalcante. Hermes França acrescenta o fator experiência à lista de armas para vencer o cansaço: “Por exemplo, contra o Ray Cooper, em 2005, e contra o Josh Thomson, em 2004, eu estava mal preparado fisicamente. Perdi, mas ganhei experiência. Depois, contra o Jamie Varner, ano passado, tenho certeza de que ganhei mais na cancha do que no físico”, afirma o líder da equipe The Armory. Renzo, o Gracie que mais tem lutas oficiais de vale-tudo hoje, diz que às vezes a culpa do cansaço é do adversário: “Lutei com vários caras que faziam mais o antijogo do que buscavam o combate, e isso acaba te cansando mais, pois a defesa é sempre mais eficiente e rápida do que o ataque. Ainda bem que, mesmo eu estando exausto, eles não tiveram experiência tática para me vencer”.
“O atleta precisa aprender a treinar cansado” Roberto Gordo
Uma vez morto no ringue, há meios de evitar um massacre, mas o ideal mesmo é garantir o gás na preparação. “É importante que o atleta aprenda a treinar cansado, porque, quando isso acontecer durante a luta, ele já vai estar acostumado com a situação”, ressalta Gordo. Já Saulo ensina que o melhor caminho para evitar a fadiga é a técnica apurada e quase instintiva: “Se você pensar, você está atrasado. Se você está atrasado, você faz força e, se você faz força, você cansa e morre – ou bate”. Renzo lembra ainda a importância da orientação ao lutador e dá o exemplo de seu primo Rickson: “Quando lutei com Kikuta, no Pride 2, o Rickson veio ao meu quarto pedir que eu não tivesse pressa na luta, que era sem tempo. Cada posição ganha tinha que ser mantida e melhorada, o gás e a respiração tinham que ser dosados para o momento crucial. Ele me disse ainda que adorava me ver lutar cansado, pois era aí que meu Jiu-Jitsu aparecia.
“O atleta precisa aprender a treinar cansado” Roberto Gordo
Uma vez morto no ringue, há meios de evitar um massacre, mas o ideal mesmo é garantir o gás na preparação. “É importante que o atleta aprenda a treinar cansado, porque, quando isso acontecer durante a luta, ele já vai estar acostumado com a situação”, ressalta Gordo. Já Saulo ensina que o melhor caminho para evitar a fadiga é a técnica apurada e quase instintiva: “Se você pensar, você está atrasado. Se você está atrasado, você faz força e, se você faz força, você cansa e morre – ou bate”. Renzo lembra ainda a importância da orientação ao lutador e dá o exemplo de seu primo Rickson: “Quando lutei com Kikuta, no Pride 2, o Rickson veio ao meu quarto pedir que eu não tivesse pressa na luta, que era sem tempo. Cada posição ganha tinha que ser mantida e melhorada, o gás e a respiração tinham que ser dosados para o momento crucial. Ele me disse ainda que adorava me ver lutar cansado, pois era aí que meu Jiu-Jitsu aparecia.
Fonte GracieMAG
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