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terça-feira, abril 21, 2009

Jacaré: 'É preciso um trabalho de conscientização'

Líder da Alliance lembra que na época do Rolls o “pau comia”
Dezenas de e-mails chegaram na minha caixa nesta segunda-feira, dia em que publiquei o artigo “Onde isso vai parar”, sobre o fechamento de chave por atletas de mesma academia, em campeonatos de Jiu-Jitsu.
Prometo reunir as melhores sugestões e opiniões e publicá-las ainda esta semana. Mas, enquanto isso, reproduzo aqui uma conversa pelo telefone que tive na noite de segunda com um dos líderes da Alliance, Romero Jacaré:
“Professor, eu não sei se você já leu, mas publiquei um artigo hoje no GRACIEMAG.com sobre atletas de mesma academia não disputarem a final de um campeonato…”
“Você leu meus pensamentos. Eu ia te telefonar agora para dar os meus dois centavos em relação a este assunto”, disparou Jacaré.
“Pois não, o que você acha dessa prática?”, perguntei.
“As pessoas pensam que isso é uma tradição que sempre existiu, mas quando eu comecei a lutar, isso não acontecia não.
“Cansei de enfrentar o [fotógrafo e membro do conselho editorial de GRACIEMAG] Ricardo Azoury em finais de campeonato, e nós dois éramos alunos do Rolls. E o Maurição, pai do Roger [Gracie] disputava com o Márcio Macarrão. Não tinha mamãezada, o pau comia mesmo, e ninguém deixou de ser amigo por causa disso.
“Agora, teve uma época em que o professor Helio Gracie pediu para a gente parar de lutar, porque estávamos dando aula para o pessoal de outras academias. Foi quando isso tudo começou”, explicou Jacaré.
Ponderei que era uma época em que não tinha videotape e que a academia tinha seus segredos. Bem diferente de hoje em dia, em que todo mundo já tem o jogo do outro estudado e reestudado.
Depois de dar o contexto histórico, Jacaré se posicionou:
“Sou contra. Hoje em dia isso não faz sentido, o público nunca vai entender não ter uma final. Tem gente que chega no estádio só na hora das finais da faixa-preta, paga ingresso, e não assiste às lutas.
“E muitas vezes um nem treina com o outro, moram longe, mas fica um com medo do outro e não há o que faça eles lutarem.
“Mas veja bem, para mim, colocar os dois no mesmo lado da chave, como você sugeriu no artigo, não é uma boa solução, porque dois atletas de academia diferentes podem ter semifinais duríssimas enquanto os outros dois, que são da mesma academia, descansam, o que vai ficar chato.
“Também acho impossível o professor obrigar os alunos a lutarem, ou mesmo a Federação, porque eles vão fazer uma mamãezada lá e vai ser bem pior.
“Então, acho que a única solução seria um trabalho de conscientização dos professores. No camp da Alliance antes do Mundial, eu vou conversar com o Fábio [Gurgel] para discutirmos o tema.
“A Federação devia reunir os líderes das equipes também, para que todos façam o mesmo trabalho. Afinal de contas, não seria a primeira vez: no Mundial passado o Serginho [Moraes] e o Bill Cooper chegaram na final e lutaram.
“Foram lá no centro, estenderam a bandeira da Alliance, mas depois recolheram e fizeram o maior lutaço. Então acho que o fechamento é uma moda que voltou, e a gente pode parar com ela com um trabalho de conscientização.
“Eu estou nessa campanha junto contigo: vou fazer o possível para isso acabar. Afinal, foi esse o exemplo que o Rolls me deu”, finalizou o professor, direto de Atlanta, EUA.
Fonte GracieMAG

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